sábado, 23 de janeiro de 2016

Ampulheta


Apesar de tantos estudos, teorias e (por quê não?) devaneios sobre o tempo, eu continuo sem nenhuma resposta concreta sobre o que ele é. E provavelmente não sou a única a carregar este sentimento. É interessante perceber como tentamos defini-lo dando ao tempo unidades de medidas e índices que, para mim, não passam de subterfúgios para torná-lo um pouco palpável e assim exercer algum tipo de controle sobre ele. 

Uma vez estava comentando com uma colega de um grupo de estudo que, apesar do caminho que fazíamos andando entre a estação do metrô e o local de estudo serem os mesmos na ida e na volta, eu tinha certeza absoluta de que a volta sempre era mais curta do que a ida. Sempre. Até hoje tenho esta sensação. Para mim, é esta a palavra-chave da minha relação com o tempo: sensações. 

Não é novidade que quando estamos enfadados ou esperando loucamente o final de semana, a sensação é a de que o tempo parece seguir lentamente, e que, quando estamos nos divertindo, distraídos, a sensação é a de que o tempo voa. Existe uma frase atribuída a Lao Tzu que liga dois grandes males da nossa sociedade à nossa relação com o tempo: "Se você está deprimido você está vivendo no passado. Se você está ansioso você está vivendo no futuro. Se você está em paz você está vivendo no presente." Ou seja, se só existisse o presente viveríamos sempre em paz? 

E aquela vontade de voltar no tempo e corrigir algo ou simplesmente experienciar novamente um momento delicioso? Quem nunca quis saber o que irá acontecer com sua vida daqui uns anos, principalmente para saber o quanto tempo lhe resta para aproveitar as sensações da vida? 

Não estou querendo fazer nenhum tipo de provocação. Confesso que adoro colecionar as boas sensações da vida, independentemente de quantas unidades de medida de tempo elas durem. Já com as ruins... Bate aquele comichão, aquela vontade de apertar o fast forward... Mas é pura ilusão de que controlamos alguma coisa. E o tempo nem ai, seguindo em seu próprio compasso, ou melhor, em seu próprio tempo. Talvez no dia que desistirmos de controlá-lo, a gente descubra que o tempo é amigo e que nada acontece no tempo certo, porque na verdade todo tempo, é o tempo certo.


Tempo amigo seja legal

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

O que você precisa

Anos atrás, eu recebi um presente precioso da minha melhor amiga. Ela nunca soube os efeitos que aquela frase curta, direta e sábia causaram em minha vida. A frase "talvez você não mereça passar por isto, mas provavelmente você precisa passar por isto" dita há, sei lá, uns 15 anos, em uma época em que tudo era confuso e nebuloso, foi um dos primeiros raios de sol a surgirem entre as nuvens negras que habitavam o meu céu.

Eis que, nas últimas horas de 2015, naquele momento em que você recebe tantos desejos de paz, amor, sucesso, felicidade e em que muitas pessoas estão escolhendo a cor da roupa que irá simbolizar o desejo mor do ano que se inicia, chega um novo presente em forma de frase: "desejo que você tenha o que precisa e, na medida do possível, o que você quer." Escrita por alguém que, diferentemente da minha melhor amiga, pouco conheço, pouco me conhece, mas muito sensível ao me desejar isto.

Carregar na mente e no coração ao longo desta semana esta nova frase, me fez pensar no ponto em que estou na minha jornada, mas, principalmente, me fez pensar no meu caminhar até chegar aqui. Não foram poucas as situações em que eu tinha a certeza absoluta de que não merecia passar, mas tinha comigo aquela frase mais rica do que aquelas escondidas em biscoitos da sorte chinês"...você precisa passar por isto..." E coletando ao longo do caminho tudo, absolutamente tudo o que eu precisava, eu sobrevivi a tempestades e furacões. Tive meu telhado arrancado diversas vezes, e exatamente por isto, fui capaz de enxergar as estrelas.

É por insights como este, que a frase do ano novo me trouxe, que eu percebo o porquê preciso exercitar a gratidão todos os dias e continuar me perdoando pelas vezes em que praguejei os dias ruins. Afinal de contas, o conceito de bom e ruim é relativo. O que eu acreditava ser uma tragédia em minha vida, se revelou exatamente o que eu precisava para promover as mudanças necessárias e me aproximar cada vez mais da minha essência. Tudo sempre esteve nos locais e momentos certos.

Por isto, eu desejo que eu seja tão sábia quanto estas duas pessoas e que aprenda com os dias "bons e ruins" como aproximar cada vez mais aquilo que eu quero daquilo que eu preciso. 






sábado, 2 de janeiro de 2016

Não importa a pergunta

O ano de 2015 foi provavelmente o mais recheado de aprendizados e conseqüentemente, o mais enriquecedor da minha vida. Curioso ver nas timelines das minhas redes sociais e nos grupos que participo, a quantidade de comentários negativos sobre o ano que se passou. Não estou dizendo que não tive os meus momentos desafiadores em 2015 e gosto de usar a palavra desafiadores ao invés de difíceis, por causa de uma das coisas que aprendi no ano passado: o peso das palavras. A crise econômica também me atingiu, sofri os efeitos de crises pessoais, mas decidi olhar todos os obstáculos de 2015 como oportunidades de crescimento. Dei a cada desafio o peso que ele merecia e os encarei como os contrastes necessários para a minha evolução. 

Mas existe um outro aprendizado que 2015 me trouxe, um aprendizado muito mais eficaz do que os xaropes de vó que servem para curar tudo, desde congestão nasal até dor de barriga. O que eu aprendi é que não importa a pergunta, o amor é a resposta. Simples assim... 

E é simples mesmo. Não devemos nos deixar levar pela onda de inversão de valores. Resista! Mesmo que te chamem de tolo ou que as circunstâncias te façam duvidar disto, respire fundo e pense que todos nós estamos aqui em busca do mesmo objetivo: a felicidade. Estamos todos tentando, do jeito que sabemos, do jeito que aprendemos. A intolerância, que é prima da falta de amor, é uma erva daninha que vem ao longo de eras diminuindo a nossa compaixão e nos tornando cada vez mais egoístas. É importante ressaltar que individualismo é diferente de egoísmo. O individualismo para mim é algo positivo, significa que eu estou comigo, me amando, me perdoando, mas respeitando o outro e a sua individualidade. Enquanto o egoísmo parece-me ser algo que distancia as pessoas, quanto mais alguém quer estar no centro, mas distante ele fica do que realmente importa.

Não tenho a ilusão de que entre os dias 31 de dezembro e primeiro de janeiro os meus desafios magicamente sumiram, acho fundamental este desejo coletivo de que a cada novo ano, as esperanças se renovam, mas gosto de pensar que a cada mês, a cada semana, a cada dia, a cada hora, a cada minuto, existe a possibilidade de renovarmos as esperanças e criarmos a nossa própria realidade. É por isto que eu desejo para mim em 2016 e em todos os anos que virão, que eu sempre saiba a resposta, não importando a pergunta que a vida me faça.