sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Sagitarianos

O mitológico centauro que os simboliza, sagitarianos, também poderia ser representado pela tríade corpo-mente-coração. Sagitário é bicho forte, os seus membros inferiores não servem apenas para correr, como também para desbravar o mundo sentindo o carinho do vento no rosto. Vocês podem até envergar um pouco, mas em momento algum desistem daquilo em que acredita e cavalgam por aí com a autoridade de quem carrega a certeza de que tudo vai dar certo.

A sua parte humana – demasiadamente humana – existe para que eles não se esqueçam da sua condição racional, da sua individualidade, de ser singular, mas também plural, através da dádiva de viver em sociedade e assim compartilharem, expandirem e se tornarem aquilo para o que nasceram.

Sempre prontos para agirem com seus arcos e flechas voltados para o horizonte, eles partem na caça incessante por sabedoria. São guiados pela vontade incontrolável de viajar e conhecer o mundo, sendo que a melhor viagem aconteceu no dia em que eles olharam para dentro de si mesmos e descobriram, finalmente, onde habitava o infinito.


segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Contatos Imediatos de Primeiro Grau

Existem pessoas que bastam apenas dez minutos de conversa para que floresça em nós uma sensação de intimidade, de que a conhecemos por anos e anos. Em muitos casos, a conexão é até maior do que a com pessoas que de fato conhecemos há tempos. Esta relatividade do tempo só comprova, pelo menos para mim, que quanto mais estamos dispostos a nos abrirmos à generosidade do universo, mais a sincronicidade vai acontecer. Aliás, a sincronicidade está sempre por aí, aos montes, gritando, pulando em nossa cara. O problema é que clamamos por sinais, mas, muitas vezes, eles são ignorados porque estamos mais preocupados com dores do passado e com o medo do futuro.

Experimentar um contato imediato de primeiro grau com alguém que está na mesma vibração que a sua é um presente do universo. É se nutrir de uma energia tão poderosa, capaz de tornar a caminhada mais leve, porque apesar de cada um ter a sua própria estrada de tijolos dourados para pavimentar, nada nos impede de nos unirmos a outras pessoas. Esta é uma constatação dos físicos quânticos, das mentes brilhantes que estudam as leis universais que dizem que tudo está interligado.

Algo me diz que ter coragem é fundamental para que este encontro aconteça, afinal, coragem não é ausência de medo. Coragem é, etimologicamente falando, agir com o coração. Todas as pessoas com as quais tive este contato imediato, ainda que trouxessem na bagagem frustrações, remendos e arranhões, foram e continuam indo atrás daquilo que fazem os seus corações vibrarem.


É um ato de generosidade se abrir e se permitir conectar, por isso, eu me sinto cada dia mais grata a estas pessoas que sou íntima pela energia que elas emanam e, principalmente, pelo bem que isso me causa. Saber e sentir que elas estão aqui, sempre por perto, mesmo longe fisicamente, é provar de uma das mais poderosas fontes de beleza da vida.



quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Estranha gentileza

Esta semana aconteceu um fato que eu gostaria que fosse inusitado, mas não, é um fato até bem comum de acontecer, infelizmente.

Tenho me deparado com situações onde cada vez mais o exercício da gentileza tem causado estranheza às pessoas, inclusive a mim. Parece que vivemos tão preso ao próprio umbigo, tão voltados às nossas necessidades, desejos e pensamentos, que quando alguém é cortês conosco corremos o risco de ficarmos imaginando qual é o interesse da pessoa por trás daquele ato. Já perdi as contas de quantas feições de estranheza presenciei diante de uma cordialidade, estranheza esta compartilhada também por quem estava ao redor.

Vivo me questionando como viemos parar neste ponto, onde a Lei da Vantagem, ou simplesmente, Lei de Gerson, muitas vezes impera, onde o errado é que é o certo e que, em muitas situações, fico constrangida por ser gentil com as pessoas, até porque "bonzinho só se fode". Não é está a crença? Já ouvi explicações históricas, filosóficas, psicológicas etc., mas cansei de pôr a culpa na descrença com políticos, na crise econômica, na TPM, na pessoa que me empurra no transporte público lotado...

Já recebi tanta gentileza de pessoas que nem conhecia, de pessoas nas quais sou grata até hoje. Certa vez, um rapaz que carregava no colo diversas sacolas fez questão de arrumá-las melhor só para liberar um pouco mais de espaço e gentilmente pedir para segurar a minha mochila. Confesso que me surpreendi.

Recentemente, li uma matéria na internet sobre um homem que tirou suas roupas e deu para um morador de rua que passava frio. Fiquei tocada, rapidamente repliquei na minha rede social, mas depois passei o dia refletindo sobre o fato daquele gesto ter se tornado uma notícia. Foi um gesto de solidariedade, de gentileza, acima de tudo, de empatia, mas me parece que não estamos acostumados com estas amabilidades e, talvez por isto, eu tenha me surpreendido com a oferta do rapaz em carregar a minha mochila.

Doar o lugar no ônibus a outra pessoa, não porque ele é um assento especial, mas porque percebemos que a pessoa está precisando mais dele do que nós naquele momento, dedicar alguns minutos para ensinar a um novo colega de trabalho usar o sistema da empresa, chegar atrasado a um compromisso para dar instruções a uma pessoa perdida na rua são gestos sem heroísmos que não merecem nem devem ser notícias. Deveria ser o lugar-comum, o cotidiano, deveria despertar não estranhezas, e sim sorrisos imediatos.


Algumas pessoas podem achar que esta é uma visão ingênua e romantizada, mas não há como negar a delícia que é sentir o calor no peito quando fazemos o bem a alguém. Para mim, além de ser uma forma de retribuir tanta bondade que já recebi durante a minha jornada de vida, a gentileza, seja ela sucedida de estranheza ou de sorrisos, me ilumina, me faz sentir cada vez mais que bonzinho normalmente não se fode.

“Nenhum ato de gentileza, é desperdiçado,
não importa o quão pequeno seja.”

sábado, 17 de setembro de 2016

Eu

Sou alguém apaixonada por pessoas. Não concebo a vida sem música, sorrisos e sorvete de chocolate. A arte exerce um papel fundamental, o de me transportar para outros mundos sendo um sopro na loucura da vida. Tenho um ímã para atrair loucos, tanto os de rua quanto os domesticados, me dou bem com todos. E escrevo. Muito e todos os dias. Para descobrir quem sou. Os melhores textos são aqueles que nunca consegui transcrever da mente para o papel, geralmente nascidos em translados entre algum lugar e minha casa, depois que meus olhos caleidoscópicos deixaram gravados na retina e na memória momentos, alguns breves e outros que duram uma eternidade. Meus amigos estão espalhados por aí, alguns longe, outros mais perto, todos de uma forma ou de outra, são pedaços de mim. Sou constituída do amor que aprendi a aceitar deles e do amor que eles me ensinam a dar sem medo de me decepcionar. Pessoas vêm e vão e as que estão, que fiquem para sempre. Não sei empurrar as coisas com a barriga, tudo o que eu quero, quero-ao-mesmo-tempo-agora. Apaixono-me todos os dias. A todo o momento. Sou movida pelo amor e não sei viver de outra forma.

Caiu, levantou e seguiu em frente

Amanhã acontecerá a cerimônia de encerramento das Paralimpíadas do Rio, mas uma imagem que ocorreu na abertura, no dia 07 de setembro, ainda não saiu da minha cabeça: a da ex-atleta Márcia Malsar conduzindo a tocha olímpica.

Malsar sofre de paralisia cerebral, um conjunto de desordens permanentes que afetam o movimento e a postura, causada por uma encefalite quando ela tinha dois anos de idade. Mas Márcia é daquelas pessoas que transformam as "deficiências" em lições de vida. Ela foi a primeira atleta Paralímpica a ganhar uma medalha de ouro, isto ocorreu em 1984, em Nova Iorque. Além desta medalha, ela também conquistou duas pratas e um bronze naquela mesma edição dos jogos.

Porém, duvido que muitos conhecessem Márcia Malsar antes do dia 07 de setembro deste ano. A imagem daquela mulher, aparentemente frágil, que caiu ao carregar a tocha, rodou o mundo naquela noite. Malsar levava a tocha na mão esquerda e na outra segurava a bengala que a ajudava a se locomover lentamente através do percurso molhado pela chuva que insistia em não parar, quando, mesmo com passos curtos, acabou escorregando. Em poucos segundos, duas pessoas da organização dos jogos a ajudaram a se levantar ao mesmo tempo em que as pessoas que estavam no estádio do Maracanã ovacionavam a ex-atleta. Ela se levantou e completou o seu percurso que durou pouco mais de dois minutos. 

Em uma das inúmeras entrevistas que concedeu após o episódio, ela disse que foi uma honra poder ter feito parte daquela abertura. Pois bem, Márcia, a honra foi nossa, acredite... Como se já não bastassem as lindas histórias de todos os atletas paralímpicos da Rio 2016, através de você, pudemos presenciar em dois minutos, as metáforas das nossas REAIS deficiências e limitações. 

Aqueles passos curtos nos mostraram que a vida acontece sem pressa, que cair, além de fazer parte, é essencial ao nosso crescimento e que não devemos nos preocupar se não conseguirmos levantar sozinhos, sempre haverá alguém para nos ajudar e que, no final das contas, o mais importante é seguirmos em frente. Olímpicos, paralímpicos ou "meros mortais", saber viver é isto, não é?






segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Para Califórnia, com amor

Querida Cali,
tudo começou quando deixei de escutar a negatividade alheia que citava crise e segui o meu lema de dizer a maior quantidade possível de SIMs para as oportunidades da vida. Nada como um bom planejamento financeiro e foco para chegar até você. O que eu sei é que quando você diz sim, os obstáculos vão ficando cada vez menores. Por isto, abracei a oportunidade de estudar fora do Brasil por 21 dias, te conheci e me apaixonei.

Em todos estes dias, eu fui sua. Totalmente e unicamente sua. Você foi o  melhor e mais apaixonante amor de Verão que eu já tive. Lembro que no primeiro dia de aula, o professor explicou que o mais importante em um produto são os seus benefícios intangíveis e é assim que eu te vejo e te sinto, como algo não apenas intangível, mas inexplicável. Desde que nos separamos, várias pessoas vieram me perguntar como foi te conhecer e eu não consigo usar outra palavra que seja diferente de incrível.

Não tenho como explicar o que são as suas estradas, longas, cheias de placas e bifurcações, que nos premiam com um visual das suas montanhas de tirar o fôlego. O Sol que resolveu morar de vez ai, nascendo por volta das quatro da manhã e indo se pôr lá pelas nove da noite, não sem antes desfilar todas as suas tonalidades de dourado. Que privilégio o meu de poder meditar e entrar em conexão com o Divino deitada em suas areias, banhar-me nas águas do oceano Pacífico, geladíssima, mesmo com o calor de 40 graus.

Falando em calor, desculpe-me pelo preconceito, quando imaginei que encontraria uma população fria, que trataria, nós latinos, com indiferença. Fui carinhosamente e educadamente recebida, por cidadãos comuns, nas filas de mercado e posto de gasolina. Foram tão gentis em me ajudar, em querer saber de onde eu vinha e como poderiam me ajudar.

Confesso que em muitas vezes que eu não entendi o que seus moradores falavam, mas eu consegui sempre entender e me comunicar através da linguagem universal do sorriso. É por estas e por tantas outras coisas, que eu expresso a minha gratidão, Califórnia. Foram tantas experiências e sensações que eu levaria muito tempo tentando por em palavras. O que eu prefiro mesmo, é continuar curtindo aquilo que pertence apenas a nós duas.

Com amor,
Mila.


"O que você viveu ninguém rouba."  (Gabriel García Márquez)